sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Melhor ser do que parecer

Há dias em que me apetece ser invisível. Passar sem ser notado ou sequer sentido. Não é um pensamento depressivo, em busca de uma qualquer destruição ou fuga do mundo que me rodeia.

Pelo contrário, é uma busca pelo que mais nos escapa: as pessoas.

Discretamente observaria, atentamente notava os pormenores. Com sorte sentiria o pulsar como se entre mim e objeto da minha atenção, para além do silêncio de ruído de todos os dias e que tanto nos absorve, apenas as vibrações mais puras tinham o direito de se fazer notar.

Devo dizer que assim parece intrusivo. Se for completamente honesto é muito mais do que isso. Deixar que alguém nos observe sem mais nenhum foco de distração. Deixar que alguém nos sinta mais sem nos tocar do que com qualquer outro contacto físico para disfarçar. Sim disfarçar. Ao deixar que nos toquem aceitamos passar algo de nós, pouco ou muito,mas aceitamos. O olhar discreto e escondido não se compromete com autorizações ou permissões, ainda para mais se for um espectro escondido fora do que se consegue vislumbrar.

Com isto digo: fogo de artificio. Desde cedo ganhei um grande fascínio, não pelo barulho ou ao bailado de cores no céu, nem por algum sentimento pirómano recalcado. Antes porque enquanto estes momentos se davam, a multidão olhava o céu e eu olhava as pessoas. Elas deixavam e eu encontrava o momento em que podia ver sem ser visto e imaginar o que trouxe cada expressão, cada expressão...cada pulsar.

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