segunda-feira, 17 de março de 2014

Fator vermelho

Este fim de semana voltei a comparecer no almoço anual da Associação de dadores de sangue do Concelho do Seixal.

Apesar da minha primeira dádiva ter sido há coisa de 4 ou 5 anos, esta foi a minha segunda presença.

Quanto ao almoço, um fartote de comida e bom ambiente. Paguei uns míseros 5 euros e comi que nem um rei. Mas isto era só um à parte.

Durante a sessão solene, mais uma vez não pude deixar de reparar que a sala estava maioritariamente constituída por pessoas com alguma idade e contavam-se pelos dedos das mãos aqueles que aparentavam ter menos de 35 anos.

Verdade que era um domingo, um dia geralmente preenchido com atividades em família e não só. Mas não deixa de ser representativo da demografia etária dos dadores, pelo menos desta associação.

Por entre os discursos protagonizados pelos vários oradores na sessão, quero realçar alguns pontos da narrativa apresentada pela representante da Instituto Português do Sangue:

1. Desde 2010 que tem vindo a decrescer o número de dádivas
2. O número de mulheres a dar sangue, foi o que mais aumentou percentualmente.
3. Existem poucos jovens a dar sangue, exceto na faixa dos 18-25 e que na sua maioria são universitários. Depois "desparecem até aos 35-40".

O primeiro ponto pode-se correlacionar com os fatores sociais e económico-políticos que  o nosso país tem vindo a evidenciar nos últimos anos. Vou-me imiscuir desta tertúlia.

O segundo ponto mostra que apesar de ser o género com mais "entraves" à dádiva, dadas as características do corpo feminino e a questões singulares como por exemplo a gravidez, é mesmo assim o género que, neste momento e para os "novos dadores", se encontra mais sensibilizado para a importância deste ato.

O terceiro ponto preocupa-me deveras. A dádiva deve ser voluntária e de plena consciência. Ninguém deve ser julgado por decidir dar ou não dar. Existe também um universo grande de pessoas que desejam dar mas por motivos de saúde não o podem concretizar. No entanto deixo duas questões no ar:

Será feita a divulgação necessária para sensibilizar para esta questão?


Estaremos nós a tornar-nos numa sociedade cada vez mais virada para si e que acorda apenas quando o mal nos toca a nós ou alguém próximo?

Qualquer uma das questões (obviamente) não inclui a opção válida, de optar por não doar, sejam quais forem os motivos.  Mas a sensação que fica para mim, é que  há um sentimento de indiferença relativo ao assunto.

Como nota final um bem haja para a minha irmã, que assim se torna a par da outra irmã, o segundo elemento da família com 10 doações ;)

2 comentários:

  1. Na Agência Portuguesa do Ambiente fizeram recolha de Sangue e a percentagem de dadores foi incrivelmente baixa, para a quantidade de gente que lá trabalha.
    Eu inscrevi-me para dar sangue, e não pude. Peso menos de 50 Kg e como tive Hepatite não posso ser dadora.
    Mas gostaria! É justo?!?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se é justo não te sei responder. Apenas posso dizer que a vontade e o ato de ir doar, por si só, já é de louvar.

      Eliminar